Embora esses protestos tenham sido menores que aqueles de 15/03, ainda há uma participação massiva e um espalhamento muito grande nas cidades. Alguns elementos que acreditamos que são interessantes.
O mapa a seguir mostra as conversações em torno de “protesto” coletado entre as 15h e as 23h de ontem. São 140.647 tweets e 95.525 contas. O cluster central, colorido, é aquele onde estão as principais referências aos acontecimentos no Brasil.
Primeiramente, é interessante que no mapa de quem falou dos protestos ontem, no Twitter, vemos um claro embate. Há dois núcleos muito ativos, um contra o governo (em rosa) e outro a favor (em amarelo). Ambos estão engajados em tuitar os eventos, mas cada um selecionando e repassando aquilo que serve a sua própria narrativa. O mapa a seguir mostra apenas aqueles que tuitaram mais de dez vezes usando a palavra “protesto” ontem. Há uma grande diferença entre os nós neste grupo e aqueles no restante da rede. Aqui há o maior número concentrado de contas que falaram dos protestos tanto contra quanto a favor.
Esse embate é muito diferente do que vimos em março, quando quase não apareceu o discurso contrário, tamanha força do discurso anti-governo.
No segundo mapa, vemos os principais influenciadores de cada grupo (ou seja, qual narrativa ganhou mais destaque em cada lado). É importante ver, também, a importância da narrativa dos veículos jornalísticos nestes eventos. A grande maioria dos retweets (com ou sem comentários) e menções refere-se a eles.
Com relação aos discursos presentes, analisamos os mais de 100 mil tweets através de análise de contingência. Retiramos dos dados a palavra “protesto” e assemelhados, que atuam como pontes entre os diferentes discursos, para tentar compreender melhor o que foi dito.
No primeiro mapa, a seguir, vemos os principais conceitos que aparecem nos tweets (frequencia maior que 200). As cores indicam a modularidade (tendência dos conceitos a aparecerem juntos) e as conexões, a frequencia da associação entre duas palavras.
No mapa, vemos claramente associados os conceitos de “impeachment” e “Dilma”, mostrando que os protestos, em sua narrativa online, fizeram essa associação. A outra demanda, que também aparece, mas de forma mais discreta é “corrupção”. Dilma e o PT também são fortemente associados, juntamente com “panelaço”. Esse núcleo (laranja), está mais associado ao discurso contra o governo. Também aparece, em rosa, o discurso de apoio ao governo, com “vergonha”, “#carnacoxinha” e “#vempromico”, além de outros conceitos.
Neste proximo mapa, vemos as associações normalizadas, o que nos permite investigar o que foi mais associado no discurso no Twitter. Há várias conexões importantes, mas é interessante que tanto o discurso anti-governo (clusters azul claro, azul escuro, ao centro, roxo) quanto o de apoio ao governo (azul médio, ao centro, verde musgo, acima) aparecem claramente. Além disso, associações como “melhor” e “internet”; “cut, “pt” e “povo”, e “rua” e “milhares” também traduzem elementos interessantes do que está sendo narrado de forma comum.